Os números de Natal, a barganha nacional e as lutas que se aproximam:
Sim, o segundo turno veio.
Como previmos, em diversos artigos publicados neste portal, o candidato do PT saiu da disputa. Faltaram apenas 1.500 votos reconheçamos, mas a disputa agora se configura entre um campo progressista e um campo conservador.
No plano local, contrariamente ao que seria lógico, o PT apesar dos seus 23% dos votos, fez apenas 2 vereadores, Fernando Lucena e Hugo Manso. Deveria ter feito 6 ou 7. A vereadora Amanda Gurgel fez três, assegurando maior representação para o PSOL/PSTU do que a que se materializou para o PT. Concretamente, o candidato a prefeito teve 85.915 votos e todos os vereadores do PT reunidos tiveram 28.676 incluídos os votos de legenda. O que isto significa realmente? Havíamos previsto dificuldades para os candidatos a vereança, mas os números são muito eloquentes e parecem exprimir variáveis desconhecidas, mas dada a magnitude, importantes para o segundo turno.
No plano nacional, o cenário no segundo turno não será o mesmo que foi no primeiro, desta vez a aliança nacional PMDB/PT, (que governa o Brasil), poderá enxergar um tabuleiro que ultrapassa Natal, no qual os apoios poderão ser barganhados contra Salvador, São Paulo ou João Pessoa. O deputado federal Henrique Alves virtual futuro presidente da Câmara é detentor de forte poder de negociação e será ainda mais poderoso num curto espaço de tempo. O que valerá o apoio do PMDB ao PT em São Paulo? quantas Natal? Já há quem esteja calculando.
Aquilo a que chamamos de futuro, de sonho, de cidade poderá resultar num reles troco acertado numa mesa de Brasília, o botim numa partilha de poder entre grandes forças nacionais.
Em Natal todo o campo conservador e mais os vereadores atualmente liberados para a campanha do candidato a prefeito também estarão no front.
Apesar deste diagnóstico em que não podemos subestimar as forças do adversário, continuo otimista com a campanha do PDT. A matemática permite com realismo considerar a vitória factível.
Ao PT de Natal caberá uma habilidade e uma determinação de grande magnitude para assegurar, contra uma lógica de barganhas políticas de peso nacional, a centralidade dos interesses da cidade e a demonstração ostensiva de que Natal não está a venda.
A hora agora é de unificar o campo progressista e de nos insurgirmos contra qualquer lógica que possa tratar a nossa cidade como um satélite de interesses alheios aos do seu próprio povo. Natal não poderá ser moeda de troca.
Em Mossoró a aliança conservadora conseguiu, contra todas as previsões, eleger a prefeita. A mesmíssima articulação conservadora vitoriosa em Mossoró vai ser repetida em Natal. Quanto mais tardarem as definições locais por parte do PT mais vulnerável estará frente às determinações nacionais, onde Natal em lugar de ser a cidade onde moramos e criamos os nossos filhos, será apenas um ponto no mapa, um contrapeso numa balança de barganhas, aliás cruciais para o Brasil. Ou o PT corre aproveitando o tempo de liberdade que ainda tem, ou tem o sério risco de compartilhar no segundo turno o mesmo palanque que o PSDB e o DEM.
Que o campo progressista possa dizer em alto e bom som e unificado que Natal não está a venda!
Um comentário:
Bira. Tenho dúvidas sobre o desfecho no segundo turno, as quais quero compartilhar... A estimativa inicial era que a candidatura do PT ficaria com 4% dos votos, no entanto chegou aos 23%. Fico me questionando se apenas o discurso ou o programa eleitoral teriam sido os responsáveis por esse feito. Acho que o discurso contribuiu sim, pois, para mim, a quantidade de votos nulos poderiam ter sido muito maiores se não existisse a candidatura Mineiro e seu discurso. Portanto esta representou o protesto que a sociedade queria manifestar. Por outro lado, assim como a eleição de Amanda Gurgel, a perfomance de Mineiro nas urnas pode ser considerada como um fenômeno, não previsto, que causou surpresa... E, com isso, revela-se minha dúvida: será que Mineiro precisa ou terá que se posicionar no segundo turno?
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