sexta-feira, 23 de julho de 2010

Soneto às portas do Hades

 

Ficheiro:Charon by Dore.jpg

Antes que só reste pedra sobre pedra

Resoluto busco o tão ausente Eu

Devaneio, iniqüidade e injúria medra

Carcomendo vida e sonho muito além do meu

Minha alma em angústia entre demos grita

Em Fellini, ou em Sade cena tão dantesca

Sob a guarda de Caronte: pó, cimento e brita

Óbulos, fratricidas, visões canibalescas

Equívocos tantas vezes confirmados

Sangrando o Cordeiro por todos já pagou

Mas cego, surdo e mudo sigo transtornado

Por amor e inocência escaparei curado

E quando o Eu ausente finalmente Eu-Sou

Divina Providência estamos lado-a-lado

Um comentário:

jorge disse...

è isso aí professor,
belo poema,
estamos todos juntos neste barco,
navegando no vale de lágrimas,
entre a dor e o prazer,
rumo ao pó.

Jorge de la capadócia.