sexta-feira, 1 de abril de 2011

Soneto do óbvio relutante

Ubiratan de Lemos

Triste relação essa minha com o poema

Bem no modelo machado e sândalo

Reflete sempre desalento como tema

Quando a vida sacaneio como um vândalo

Como o vermelho no fio da navalha

Ou o triste canto de passarinho cego

Faço poema se me faço canalha

Afirmo poesia se a vida renego

Versifico os meus próprios cataplasmas

E das rimas destilo meus ungüentos

Sôo os uivos de todos meus fantasmas

Se benção e maldição confundo

E percorro descaminhos conhecidos

Cedo ou tarde a poesia inundo

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