terça-feira, 25 de outubro de 2011

As marchas anti-corrupção e os inocentes úteis.

 

Imagem extraída do Blog Conversa Afiada

O movimento de combate a corrupção que toma corpo em todo país gera em mim impressões contraditórias. Se por um lado é bem vinda a indignação, antes, aparentemente morta, por outro gera preocupação. Quando vejo pessoas esclarecidas e bem intencionadas empenhadas em trazer a tona os males feitos por corruptos e corruptores, onde eles estiverem, dispostas a dedicarem tempo, logo vida, a campanhas que dêem fim a impunidade reinante, penso que podemos estar vencendo, pelo menos, a letargia política e social que impregna a maioria da população. Mas não é bem assim. Tenho o hábito de assistir a programação oficial do parlamento e vi e ouvi os quadros do demtucanato anunciarem que a “massa cheirosa” iria as ruas combater a corrupção, e assim o fizeram. Na primeira tentativa alguns playboys pingados fizeram uma balada pífia com 14mil participantes em simultaneidade com outro evento popular que contou com mais do que o triplo dessas pessoas e manifestavam apoio as medidas econômicas da Presidenta Dilma. A mídia golpista alardeou a primeira e omitiu a última: suspeito. O movimento é encomendado, estimulado e direcionado. Até aí nenhum problema. Meu questionamento surge quando vejo alguns inocentes úteis acreditarem estar participando de um movimento espontâneo surgido nas redes sociais, uma tentativa vã de reeditar a primavera árabe, numa cegueira política incapaz de enxergar as semelhanças com a marcha pela família e as vassourinhas de Jânio Quadros.

A #globomente, a FDsP e a Ispia acobertaram toda a corrupção, violência e desmandos da ditadura, o acm é neto, o Agripino e seu rabo de palha são a própria encarnação do que há de mais a direita na política nacional, personas nascidas e criadas, politicamente, dentro do golpe, necessariamente golpistas, não têm credibilidade para capitanearem um movimento dessa natureza, e sabem disso. Tanto sabem que usam seu principal capital político, a mídia golpista, o já chamado PiG, para criarem a falsa impressão que o movimento é apartidário, contudo a despeito do aparelhamento da causa, a sociedade não pode e não deve ficar apática diante de temas que estão na ordem do dia como o voto aberto. Deputados e senadores não devem gozar do direito ao voto secreto. É falacioso e hipócrita o argumento por eles utilizados quando reivindicam para si a mesma modalidade de voto que o elegeram. Nós eleitores delegamos aos nossos representantes um poder que é nosso, e é mister que saibamos de que forma esse poder está sendo exercido. Todos que estamos dispostos a ação política temos a obrigação de estarmos inseridos nas lutas populares, e o combate a corrupção está na ordem do dia. Não me permitirei ser inocente útil nas mãos do PiG, mas não posso fechar os olhos a realidade. É necessário participar se não o bonde da história passará e nos deixará parados na esquina.